quarta-feira, 14 de julho de 2010

Céu da Boca

“Uma das sedes de nostalgia da infância, e das mais profundas, é o céu da boca. A memória do paladar recompõe com precisão instantânea, através daquilo que comemos quando meninos, o menino que fomos.

O cronista, se fosse escrever um livro de memórias, daria nele a maior importância à mesa de família, na cidade de interior onde nasceu e passou a meninice. A mesa funcionaria como personagem ativa, pessoa da casa, dotada do poder de reunir todas as outras, e também de separá-las, pelo jogo de preferências e idiossincrasias do paladar — que digo? Da alma, pois é no fundo da alma que devemos pesquisar o mistério de nossas inclinações culinárias”.

Céu da Boca - Carlos Drummond de Andrade

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